A Americanas S.A pode estar envolvida em um dos maiores escândalos financeiros da história do Brasil. Isso porque foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o exercício de 2022.
O escândalo também atinge a PWC, que há pouco mais de três meses divulgou relatório dando aval, sem ressalvas, à contabilidade da empresa.
Em fato relevante, a companhia comunica: “Neste momento, não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia.”
Contudo, o rombo é da dimensão de R$ 20 bilhões. Isso para quem vale R$ 11,48 bilhões (a preço de fechamento do mercado de hoje, 11 de janeiro). A empresa possui mais de 18 mil empregados e é dona das marcas Americanas, Express, Americanas.com, Submarino.com e Ame Digital.
No Brasil, a Americanas possui 1.700 lojas, 25 centros de distribuição e 200 hubs (galpões menores).
“Entre as inconsistências mencionadas acima, a área contábil da Companhia identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a Companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras de 30/09/2022.
A consequência direta já é sentida. O presidente Sergio Rial e o diretor de Relações com Investidores, André Covre, empossados no dia 2 de janeiro deste ano, comunicaram que não permanecerão na Americanas. Já desembarcaram de seus respectivos cargos.
O Conselho de Administração nomeou interinamente para presidente e diretor de Relações com Investidores João Guerra, executivo com ampla trajetória na companhia nas áreas de tecnologia e Recursos Humanos, e não envolvido anteriormente na gestão contábil ou financeira.
O Conselho de Administração decidiu, ainda, criar um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis, que terá os poderes necessários para a condução de seus trabalhos.
Impacto no Ceará
Várias empresas do Ceará são fornecedoras de produtos para abastecer tanto o e-commerce quanto as gôndolas das centenas de lojas Americanas espalhadas pelo País.
Uma fonte consultada pelo Focus confirmou que várias indústrias cearenses vendem para a companhia. Elas atuam nos setores de alimentos, eletrodomésticos, utensílios para casa, entre outras.
“Tem uma empresa no Ceará que chega a ter 30% de faturamento com as vendas para a Americanas”, ressalta. O nome não foi revelado.