O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Rodrigues, mostrou preocupação com as famílias do campo diante do “Super El Niño”, previsto para ocorrer no próximo ano. “Não temos uma boa notícia para as famílias do campo. (…) Hoje, já vemos que o El Niño já está estabelecido, o que aponta para uma quadra chuvosa abaixo da média”. O titular da pasta falou sobre o assunto no Encontro de Gestores/as Municipais de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, evento realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) que abordou as ações e estratégias para o cenário climático de 2024.
No Ceará, o El Niño está associado a diminuição do volume das chuvas. Isto ocorre, pois as águas aquecidas do oceano Pacífico influenciam a circulação atmosférica, resultando em mudanças na distribuição das precipitações no Nordeste e em demais Regiões. No encontro entre os gestores dos municípios cearenses, o secretário da SDA, Moisés Braz (PT), reafirmou o compromisso do Estado em superar os desafios impostos pelo fenômeno climático.
“Nosso objetivo aqui é garantir o acesso à ciência e o conhecimento sobre as perspectivas climáticas e desafios para 2024 e os anos seguintes. O debate apresentou a realidade do que ainda está por vir”, disse o secretário, que frisou a construção de um diálogo com todos os Municípios cearenses visando assegurar recursos para a convivência com as possíveis mudanças do clima.
Marcos Jacinto, secretário executivo da SDA, reforçou a importância do diálogo entre a secretaria, as Prefeituras e os órgãos estaduais para buscar estratégias que mitiguem os efeitos do cenário climático.
Em setembro, o governador Elmano de Freitas (PT) anunciou a criação de uma comissão para acompanhar os impactos do “Super El Niño”. O grupo vai ser gerido pela Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) e pela Casa Civil do Estado. Conforme Elmano, apesar do Estado ter uma boa reserva hídrica atualmente, os próximos anos preocupam. “Tranquilizo a população de forma imediata, pois com o inverno bom de 2023, o Estado está com reserva hídrica boa. Mas tem preocupação para os próximos anos, se tiver sequência de seca de novo nos próximos anos. Tomara que não aconteça”, alertou.
Ainda no mês, um boletim realizado em parceria do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastre (Cenad), mostrou que, desde junho, as condições observadas de temperatura da superfície do mar apresentam padrões típicos do fenômeno. Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA), as chances do El Niño se tornar um evento forte em seu pico é de 56%.
com informações de A Voz de Santa Quitéria