Quando o solo atinge uma temperatura acima de 47°C, indicando possível presença de fogo na vegetação, satélites que sobrevoam o Ceará identificam como um “foco de calor”. Por aqui, esses episódios têm aumentado: em 2023, foram quase 94 mil ocorrências do tipo em todas as regiões.
O número consta na 1ª edição do Anuário de Focos de Calor, divulgada pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), e reúne dados gerados por 10 satélites que monitoram o Estado diariamente.
Ao longo do ano, 93.829 focos de calor foram registrados pelos equipamentos. O meteorologista Frank Baima alerta, porém, que os números não são exatos, já que “uma queimada ou incêndio de grandes proporções pode ser identificado por mais de um satélite”, gerando duplicidade nos registros.
O avanço do problema, por outro lado, é um fato. Um dos satélites contabilizou em 2023 uma quantidade 65% maior de focos de calor do que em 2022, segundo o pesquisador da Funceme.
Ele reforça que a intenção do monitoramento é, em resumo, proteger a vegetação cearense. “Não estamos preocupados com números, mas com algum indicativo de fogo para passar informações à Defesa Civil ou Bombeiros e eles combaterem essas queimadas”, frisa.
Os municípios que concentraram os maiores números de focos de calor em 2023 foram Icó (3.748), Acopiara (3.085), Mombaça (2.800), Saboeiro (2.152) e Crateús (2.094), todos distribuídos entre as regiões do Centro Sul e dos sertões cearenses.
Os meses com maiores registros, historicamente, são os do período conhecido como “B-R-O bro”, de setembro a dezembro. No ano passado, o ápice se deu em outubro, com 28.787 focos de calor detectados no Estado – 30% do total anual.