Ceará chega a 60 açudes sangrando; esta é a primeira vez, para o período, neste século

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O Ceará chegou, na manhã desta sexta-feira, 7, a 60 açudes sangrando. Esta é a primeira vez que isso acontece neste século, considerando o período de 7 de abril, conforme balanço feito pelo OPINIÃO CE com base em dados do Portal Hidrológico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). Além disso, faltando menos de dois meses para o fim da quadra chuvosa (de fevereiro a maio), o Estado contabiliza um abastecimento geral de 44,9% nos 157 reservatórios monitorados, melhor recarga em 10 anos.

Em 2012, o Ceará apresentava, em 7 de abril, 4 açudes sangrando e um abastecimento de 65,5%. Há exatos 10 anos, em abril de 2013, o Estado tinha 40,7% de recarga e nenhum reservatório vertendo.

O cenário reflete o bom volume de chuvas observadas no Ceará desde março último. Até agora, pelo menos seis reservatórios monitorados sangraram após mais de 10 anos: Cachoeira (Aurora); Patu (Senador Pompeu); Riacho do Sangue (Solonópole); Quixeramobim (na cidade homônima); Vieirão (Boa Viagem;) e Jenipapeiro (Deputado Irapuan Pinheiro). As informações são da Cogerh.

Em Quixeramobim, por exemplo, a barragem começou a sangrar no domingo, 2, após quase 12 anos. Em janeiro de 2023, o reservatório estava praticamente seco. O fato reuniu populares na parede da barragem para apreciar e comemorar as águas que vertem em direção ao Rio Quixeramobim e ao Açude Banabuiú. O açude passou do seu volume máximo de 7,8 milhões de metros cúbicos, segundo a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos. A última sangria do Quixeramobim havia sido em agosto de 2011.

Outro que estava praticamente seco e que sangrou recentemente foi o Vieirão, em Boa Viagem, ultrapassando seu volume máximo de 20,7 milhões de metros cúbicos, com uma lâmina de sangria de 85cm observada na última segunda-feira, 3. As águas que vertem vão em direção ao Açude Fogareiro, em Quixeramobim.

Mesmo os que não verteram, apresentaram significativa melhora em relação a anos anteriores.

O Manoel Balbino, conhecido popularmente como Açude dos Carneiros, em Juazeiro do Norte, por exemplo, atingiu 40,02% de sua capacidade, melhor marca desde 2012. Ele é o principal responsável pelo abastecimento da cidade vizinha de Caririaçu. Inaugurado em 1985, o açude foi construído no leito do riacho dos Carneiros, mas nunca chegou a sangrar. Com capacidade para 37 milhões de metros cúbicos, seu melhor volume, desde 2004, é de 66%, que atingiu em 2009. De lá para cá, sofre com as chuvas irregulares e também com a questão geográfica. Além do curso dos Carneiros, recebe água dos riachos Bonsucesso e Amburana, mas todos são pequenos. Há cinco anos, por exemplo, chegou a estar com um volume de apenas 2,52%.

CONFIRA A SÉRIE HISTÓRICA (ATÉ 7 DE ABRIL)

  • 2023: 60 sangrando (44,9%)
  • 2022: 27 sangrando (30,9%)
  • 2021: 10 sangrando (26,5%) *153 monitorados
  • 2020: 34 sangrando (28,1%)
  • 2019: 32 sangrando (17,1%)
  • 2018: 9 sangrando (9,5%)
  • 2017: 7 sangrando (11,5%)
  • 2016: 4 sangrando (12,1%)
  • 2015: 3 sangrando (18,4%)
  • 2014: 2 sangrando (29,3%)
  • 2013: 0 sangrando (40,7%) *147 monitorados
  • 2012: 4 sangrando (65,5%)
  • 2011: 22 sangrando (65,5%)
  • 2010: 1 sangrando (66,8%)
  • 2009: 25 sangrando (69,1%)
  • 2008: 53 sangrando (66,0%)
  • 2007: 04 sangrando (54,0%)
  • 2006: 05 sangrando (50,6%)
  • 2005: 07 sangrando (63,5%)
  • 2004: 54 sangrando (76,4%)
  • 2003: 35 sangrando (29,9%)
  • 2002: 12 sangrando (19,6%)
  • 2001: 03 sangrando (14,6%)
  • 2000: 09 sangrando (14,6%) *147 monitorados

As fortes chuvas de março também trouxeram bons aportes aos maiores reservatórios do Ceará. O Castanhão tem atuais 27,39%, melhor volume desde dezembro de 2014, quando marcou 27,44%. O Orós, por sua vez, chegou a 56,79% de abastecimento – melhor situação desde fevereiro de 2013. O Banabuiú, terceiro maior e que vive situação mais crítica, não atingia os atuais 30,77% desde outubro de 2013.