70 cidades do Ceará apresentam nível de alerta “altíssimo” para transmissão da Covid-19

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Legenda: Desrespeito às normas sanitárias preocupam especialistas quanto ao aumento do contágio da Covid-19
Foto: Helene Santos

Todos os 184 municípios cearenses apresentam níveis de alerta “moderado” a “altíssimo” de propagação da Covid-19, conforme dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa) na plataforma IntegraSUS. Isso significa que nenhum dos municípios se enquadra mais na classificação “Novo Normal”, de Nível 1, com Risco Baixo para transmissão do coronavírus. No nível “altíssimo”, o estágio mais preocupante, 70 cidades figuram na lista.

Os níveis de alerta levam em consideração as semanas epidemiológicas 5 e 6, que compreendem, especificamente, os dias 31 de janeiro a 13 de fevereiro. 88% de todas as cidades, ou 162 das 184, aparecem com níveis de alerta alto (92) ou altíssimo (70). São quase 9 entre cada dez cidades nesta situação. Estão nessa lista, por exemplo, Fortaleza, Caucaia, Canindé, Beberibe, Crateús e Juazeiro do Norte. Somente 22 municípios estão em alerta moderado. Entre elas, Massapê, Varjota, São Benedito e Viçosa do Ceará, entre outros.

Um levantamento realizado pelo Diário do Nordeste no último dia 20 de janeiro indicava que 107 do total de municípios estavam em níveis de alerta alto ou altíssimo. Em menos de um mês, portanto, houve um aumento de 51% no número de cidades a registrar níveis de alertas mais preocupantes.

Ainda conforme dados do IntegraSUS, a taxa de letalidade por Covid-19 nas duas semanas epidemiológicas chegou a 1,3%, com tendência crescente, mas nível de risco moderado. Já o percentual de leitos UTI-Covid ocupados, nesse mesmo período, foi de 85%. A tendência é estabilizada, contudo, o nível de risco indicado é considerado alto, segundo a plataforma da Sesa.

Excessos e descrença

Para a epidemiologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel, os alertas de propagação da doença para o Estado ainda refletem os excessos cometidos nas festas de fim de ano. Sobretudo, nos eventos clandestinos, onde o desrespeito às normas sanitárias é ainda mais comum. Outro agravante, segundo a especialista, é a descrença de boa parte da população quanto aos reais riscos da doença, provocada por um “vírus muito mutável”.

“Nós não somos imunes ao que vem acontecendo em Manaus. A gente tem todos os ingredientes favoráveis para acontecer esse tipo de coisa”, diz, avaliando que as restrições previstas em decretos para o Carnaval, por exemplo, deveriam ter sido adotadas antes. “Eu não tenho dúvida nenhuma de que a aglomeração irresponsável, de pessoas sem máscaras, vem gerando essa situação caótica. É muito importante que cada um faça a sua parte”.

 

Ações dos municípios

Diante desse cenário, o consultor da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Nilson Diniz, afirma que as cidades cearenses têm mantido o planejamento adotado no auge dos casos. De acordo com ele, a situação epidemiológica do Estado vem se tornando semelhante à registrada no ano passado, durante o pico da crise sanitária. Por isso, “temos mantido o alerta aos municípios, mostrando principalmente aos novos secretários (de saúde) municipais e prefeitos recém-eleitos uma preocupação grande” com a doença.

O consultor da Aprece acrescenta que, em concordância com o mais recente decreto estadual, “os prefeitos têm ampliado as ações de barreiras (sanitárias) e educativas nas rádios, mostrando a preocupação” com a doença e os impactos dela em um curto período de tempo. Diniz lembra ainda que os municípios vêm sendo orientados a contar com o próprio Centro de Atenção à Covid. O objetivo é evitar que pessoas com sintomas da doença se dirijam aleatoriamente às unidades de saúde, aumentando os riscos. “Estamos orientando para que os pacientes procurem um local específico, com médicos treinados para colher material, fazer diagnóstico e iniciar precocemente um tratamento”.

Níveis de contaminação

O IntegraSUS classifica os municípios com risco alto como aqueles com percentual de testes positivos para a doença entre 50% a 75% e de ocupação dos leitos de UTI Covid-19 da Superintendência Regional de Saúde (SRS) entre 80,1% e 95%. O risco altíssimo se limita aos municípios com mais de 95% de ocupação dos leitos específicos e porcentagem de testes positivos acima de 75%.

Fonte: Diário do Nordeste