Francisco Márcio Freire, de 43 anos, que se apresentava como pastor, foi indiciado por estupro contra a jovem Natany Alves Sales, de 20 anos. A decisão foi publicada no relatório final da investigação conduzida pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE). A estudante foi morta após ser levada dentro do próprio veículo na saída de uma igreja no município de Quixeramobim, a 212,24 quilômetros de Fortaleza, no dia 16 de fevereiro.
O relatório final aponta que “o crime de estupro praticado por Francisco Márcio Freire está evidenciado pela dinâmica do crime e pelas provas colhidas, demonstrando que ele criou um contexto de dominação e violência, tornando qualquer contato físico para a satisfação da lascívia do agressor, um ato de abuso sexual consumado”.
Conforme o documento, há evidências de estupro, revelando que, embora não tenha havido conjunção carnal, houve atos libidinosos durante a ação criminosa até a execução da jovem, reforçando a intenção sexual do indiciado. “Qualquer toque invasivo, imposto sob violência e medo, configura violação da dignidade sexual da vítima, caracterizando estupro”, consta nos autos.
A morte da estudante envolveu ainda Francisco Teodosio Ramos Neto, de 43 anos, e Jardson do Nascimento Silva, de 23 anos. Os acusados participaram do latrocínio, roubo seguido de morte. Mas, conforme o relatório, não foi ajustado a ação de praticar estupro contra à vitima e que não tinham ciência da intenção de Márcio de abusar sexualmente da jovem, percebida posteriormente.
Nos autos do documento, eles afirmaram que, durante o percurso, o ex-pastor adotou um comportamento diferente, revelando uma suspeita de abusar sexualmente da estudante. Apesar de não dos outros suspeitos não participarem do ato, contribuíram na execução da vítima. Os outros acusados foram indiciados pelos crimes de latrocínio, ocultação de cadáver e associação criminosa.
De acordo com titular da Delegacia Municipal de Quixeramobim, delegado William Lopes, a investigação evoluiu do latrocínio para incluir evidências de estupro e demais crimes a partir de provas e depoimentos. “Conseguimos indícios e evidências do crime de estupro […] teve lesões de defesa, são evidentes”, disse.
O titular explica ainda que “não é só quando há conjunção carnal ou um ato libidinoso extremo dentro” que o crime é consumado, mas o “toque de maneira lascívia do agressor já é considerado estupro”. “Ele [Márcio] já tinha feito alguns comentários no carro que sugestionava essa situação dele estar querendo estuprá-la”, afirma o delegado.
Uma das linhas de investigação da Polícia Civil, conforme William, é que Márcio não queria ser conhecido como estuprador, principalmente sendo uma espécie de liderança em grupos para cometer crimes. “No mundo do crime isso aí é rechaçado de forma violenta. […] Até no mundo do crime é repugnado”, afirma o delegado, esclarecendo por qual razão não ajustou o crime com os demais comparsas.
O relatório concluiu que diante das provas colhidas evidenciam a participação de cada um na subtração do veículo e na violência letal empregada contra a vítima, configurando, assim, o “dolo na conduta criminosa”. “Uma investigação pesada […] Um crime tão brutal e cruel, uma violência gratuita que essa moça, infelizmente, sofreu”, disse William.
O trio foi preso em flagrante em uma residência em Quixadá na noite do dia 16 de fevereiro. Com eles, foram encontrados os pertences da vítima: uma bolsa rosa, uma bíblia pequena, um hinário, uma piranha de cabelo e um protetor labial, evidenciando o vínculo direto dos suspeitos com o crime.