Arroz, café e frango sobem de preço no Ceará

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Semana da Economia tem fubá, leite, peixe e pão nos Armazéns da Família. Foto: Hully Paiva/SMCS

Arroz, café e frango foram os produtos com alta nos preços no Ceará após um mês do início das enchentes no Rio Grande do Sul. E, conforme avaliam especialistas, o impacto das chuvas torrenciais nas outras cadeias de alimentos no Estado deve ser reduzido. As informações são do Jornal O POVO.

Principal produtor de arroz do País, segundo maior de soja e terceiro maior de leite, o estado sulista teve cerca de 90% de seus municípios atingidos por inundações que, em alguns casos, se arrastaram por quatro semanas, comprometendo gravemente também a agropecuária local.

Apesar disso, a relativamente baixa dependência do mercado cearense de alimentos produzidos no Rio Grande do Sul, tem ajudado a evitar uma alta nos preços de alguns dos produtos mais afetados pelas enchentes, tais como carnes, ovos, laticínios e grãos.

Algumas dessas cadeias produtivas também têm força no Ceará, o que também contribui para a manutenção e, em alguns casos, até para a queda de preços.

Entre dez produtos que constam no boletim informativo das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE) apenas três tiveram alta no comparativo entre os dias 18 de abril e 30 de maio e um permaneceu estável, o óleo de soja. Os outros seis apresentaram queda.

A maior alta no período, de 19,1%, foi a do arroz longofino que passou de R$ 5,73 o quilo para R$ 6,83, considerando a média do preço do fardo de 30 quilos do tipo 1. 

Também tiveram alta no período, o café em pó (12,5%) e o frango abatido (5,8%). No caso do café em pó, o preço passou de R$ 7,95 para R$ 8,95 o pacote de 250 gramas, considerando a média do preço da caixa de 5 quilos.

Já no caso do frango, o quilo do produto passou de R$ 8,50 em média para R$ 9.Vale lembrar que a catástrofe climática gaúcha começou já nos primeiros dias de maio.

Por outro lado, tiveram as maiores quedas no período o feijão carioca (-10,7%), além da carne bovina traseira (chã de dentro) e dianteira (chã de fora), com reduções de, respectivamente, 8,3% e 5,5%.

Para o analista de mercado da Ceasa-CE, Odálio Girão, contudo, alguns efeitos podem ser sentidos no médio e no longo prazo.

“Tem uma grande oferta de feijão no Nordeste. No momento, não está tendo esse impacto, mas vai ter a falta do milho para alimentar as aves e os suínos, já que lá é uma região com muitos produtores e aí tem também a questão dos embutidos que eles mandam para os supermercados e tem uma grande fatia no mercado com a parte de frios. Já a parte de carnes vamos precisar aguardar um pouquinho para ver qual será o impacto”, listou Odálio.

Já o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, disse que se falava em alta nos preços da salsicha porque algumas indústrias grandes de lá foram impactadas. “Mas não temos ainda informação se esses produtos virão a ter reajustes ou não”

No mesmo sentido, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, afirma que existe muita especulação porque boa parte da safra de arroz já foi colhida. “Então, quem fala em desabastecimento está sendo aproveitador. Acho que não vai faltar arroz e quem disser alguma coisa nessa linha agora estará prejudicando a população e especulando”.

Ele também citou o caso dos produtos lácteos e das frutas que se desenvolvem melhor em climas frios, que teriam opções de abastecimento para além do Rio Grande do Sul.

“O Ceará é o segundo maior produtor de leite do Nordeste. Também não vai haver impacto na parte de frutas porque Santa Catarina também tem produção forte”, exemplificou Silveira.

“O que pode ter mais impacto, são produtos específicos ali do Rio Grande do Sul, muitos deles artesanais como queijos e salames finos, mas nada que comprometa o abastecimento.”