Segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a cidade de Deputado Irapuan Pinheiro registrou, entre 7h de domingo, 26, e 7h desta segunda-feira, 28, um acumulado de 230 mm, que representa a 15ª maior chuva da série histórica cearense, iniciada em 1973, há 50 anos. As maiores chuvas da série ocorreram em Crato (290 mm), em 2004, e em Tauá (282 mm), em 2021.
Devido às fortes precipitações, a Prefeitura de Irapuan Pinheiro suspendeu as aulas nesta terça-feira, 28. Além disso, a gestão municipal disse que está utilizando maquinário para operação em açudes em situação de risco e em apoio a comunidades que estão sem tráfego de veículos por conta da enxurrada.
As chuvas dos últimos dias não causaram transtornos apenas em Irapuan Pinheiro. Entre domingo e segunda, o Ceará teve as maiores precipitações de 2023, com chuvas em mais de 160 cidades. Ao menos 15 postos somaram volumes acima dos 100 mm. Os maiores acumulados ocorreram, além de em Irapuan Pinheiro, em Milhã (190 mm), Crato (127 mm), Jucás (126 mm), Milagres (121 mm), Solonópole (120 mm), Piquet Carneiro (118 mm) e Porteiras (116 mm). Em Senador Pompeu, onde choveu 105 mm, a Prefeitura decretou estado de calamidade após rompimento de vias que interligam o Município.
Segundo o Governo do Ceará, foram contabilizadas, pelo menos, 18 famílias desabrigadas.
A gestão municipal solicitou, ainda, a evacuação dos moradores em áreas de risco, principalmente do Poço Grande, e dos residentes às margens dos rios Banabuiú e Patu, que sangrou após as precipitações dos últimos dias. Na CE-166, que teve uma via rompida após as precipitações, um servidor do município de Piquet Carneiro desapareceu após pular do carro durante a enxurrada. Segundo boletim divulgado pela SOP, aestrada teve bloqueio total e registrou pontos de alagamento. A água chegou a ficar 1 metro acima do asfalto.
Nesta segunda, o governador Elmano de Feitas sobrevoou áreas do Sertão Central atingidas pelas chuvas. Uma delas foi Milhã, bastante afetada. Após os impactos, o prefeito Alan Macedo decretou situação de emergência, com validade de ao menos 60 dias. Segundo a Defesa Civil, há risco destruição de casas, rompimento de barragens de açudes locais, além do arrombamento de reservatórios de médio e grande porte.
Segundo o Executivo estadual, pelo menos 500 famílias ficaram desabrigadas em Milhã. Dentre as perdas, estão listadas casas, criações de animais e outros tipos de patrimônios materiais. O prefeito, que estava indo para Brasília, cancelou a viagem após a situação. O Município montou uma força-tarefa para abrigar as famílias atingidas.
“Temos que agir rápido para apoiar as famílias que estejam desabrigadas, ajudá-las a ter abrigo, alimentação, ter colchão. Vou discutir como ajudar essas famílias a se reerguer, ajudá-las com o patrimônio perdido, seja com animais, seja com algum outro prejuízo que tenham tido.Estou visitando para conhecer de perto essa realidade”, ressaltou Elmano após as visitas.
CHUVAS INTENSAS
A Funceme já havia apontado a possibilidade de chuvas intensas no Ceará neste início de semana. O meteorologista Lucas Fumagalli explica que as maiores precipitações se deram no Centro-Sul e Leste do Estado. Segundo o meteorologista, as fortes precipitações são ocasionadas pela presença da Zona de Convergência Intertropical, que segue favorecendo o desenvolvimento de nuvens convectivas, que causam chuvas intensas, sobretudo na parte Centro-Norte.
No interior do Ceará, as precipitações estão associadas aos efeitos locais, como o sistema de brisa, a interação dos ventos com o relevo, calor e a umidade, que contribuem para ocorrência de chuvas intensas. “Para quarta-feira, 29, há um indicativo de redução dos volumes, mas elas ainda devem acontecer no Estado”, disse.
AÇÕES
Desde o início das fortes chuvas registradas no Ceará, aeronaves da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS/CE) têm realizado voos, cumprindo missões humanitárias e de transporte de pacientes que necessitam de uma atenção especial. A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (Cedec) do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE) informou que está em contato permanente com os gestores municipais para avaliar a situação de cada cidade e as principais necessidades.
MAIORES CHUVAS DO CEARÁ EM 50 ANOS:
- Crato (290 mm): 2004
- Tauá (282 mm): 2021
- Caucaia (280 mm): 2015
- Caucaia (270 mm): 2015
- Icapuí (255 mm): 2018
- Eusébio (253 mm): 2004
- São Gonçalo do Amarante (252 mm): 2016
- Sobral (250 mm): 2002 | Fortaleza (250 mm): 2004
- Cedro (244 mm): 2010
- Guaraciaba do Norte (240 mm): 2020
- Cedro (229 mm): 2010
- Paraipaba (233 mm): 2016
- São Benedito (232 mm): 2019 | Brejo Santo (232 mm): 1975
- Quixelô (231 mm): 2008
- Deputado Irapuan Pinheiro (230 mm): 2023