Debate presidencial: veja destaques do último confronto entre os candidatos ao Palácio do Planalto

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O último debate do primeiro turno entre os candidatos à Presidência da República foi transmitido nesta sexta-feira (30) pela TV Globo.

Com mediação do jornalista William Bonner, o evento foi realizado em um momento crucial das Eleições 2022, a três dias do primeiro turno do pleito e horas após a divulgação da nova pesquisa Datafolha, em que Lula aparece com 50% dos votos válidos, seguido de Bolsonaro, com 36%.

O confronto de ideias foi marcado por diversos momentos de tensão, com sucessivos pedidos de direito de resposta. Bonner chegou a pedir, mais de uma vez, que os postulantes mantivessem “um nível de tranquilidade adequado” e solicitou que eles respeitassem as regras, aceitas previamente pelas equipes dos políticos.

Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Felipe D’Ávila (Novo), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Padre Kelmon (PTB) estiveram no debate. De acordo com a emissora, foram convidados os candidatos de partidos com representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares e sem impedimento na Justiça, seja eleitoral ou comum.

Momentos após confronto entre Ciro e Lula, na primeira pergunta da noite, o debate entrou em uma sucessão de acusações. Lula e Bolsonaro trocaram farpas sobre episódios de corrupção durante os governos petistas e do atual presidente. No total, foram concedidos quatro direitos de resposta só no primeiro bloco.

Lula questionou Bolsonaro sobre sua gestão durante a pandemia de Covid-19 e as acusações levantadas pela CPI da Covid. Bolsonaro respondeu mencionando a prisão do ex-presidente e fazendo críticas aos episódios de corrupção durante os governos do PT.

O atual chefe do Executivo ainda afirmou que os processos contra Lula só “deixaram de existir” porque existia um “amiguinho” dele no Supremo Tribunal Federal (STF). Já Lula rebateu dizendo que “não é possível conviver com alguém com tamanha cara de pau. Pare de mentir porque o povo não aguenta mais”, criticou o petista.

Soraya Thronicke virou assunto nas redes sociais ao questionar  Padre Kelmon e errar o nome do candidato duas vezes. Ela o chamou de “Padre Kelson” e depois de “Padre Kelvin”. Ainda sem saber o nome do postulante, ela findou com “candidato padre”.

Em mais de um momento, a candidata acusou o padre de ser “cabo eleitoral de Jair Bolsonaro”. Em um dos momentos, perguntou se ele não tinha “medo de ir para o inferno”. Neste momento, os dois candidatos chegaram a trocar farpas.

No segundo bloco do confronto de ideias, Soraya e Kelmon voltaram a ficar frente a frente para tratar sobre o tema “combate ao racismo”. A postulante do União Brasil continuou com as acusações de que o padre era cabo de Bolsonaro e o acusou de ser “padre de festa junina”, pois ele “nunca deu a extrema unção”.

Vale pontuar que Padre Kelmon se identifica com ortodoxo, mas nunca atuou como sacerdote das igrejas da comunhão ortodoxa no Brasil – a Igreja Ortodoxa Siriaca Malankara já se pronunciou negando relação com Kelmon.

Na rodada de perguntas sobre meio ambiente, o ex-presidente Lula e a senadora Simone Tebet criticaram o governo do presidente Jair Bolsonaro pela ineficácia na defesa da agenda verde e das mudanças climáticas.

Questionada pelo petista sobre propostas ambientais, Tebet cutucou Bolsonaro: “Nada é por acaso nessa vida. Acabei de falar de mudanças climáticas com o presidente e mais uma vez ele vem com inverdades e fala de questões que não conhece ou simplesmente não se importa”.

Já Lula destacou êxitos do seu governo e afirmou que, durante suas gestões, o Brasil se transformou no País que mais controlou desmatamento e disse que vai proibir “terminantemente” qualquer garimpo ilegal e que “não é necessário nenhum cidadão do agronegócio invadir a Amazônia e ou Pantanal”.

Após “dobradinha” de Tebet e Lula, Bolsonaro e D’Ávila aproveitaram o debate para criticar “governos de esquerda”. “Qual é a sua preocupação se o governo cair na mão da esquerda?” questionou Bolsonaro ao candidato do Novo, após citar a previsão de que sejam criados 3 milhões de novos empregos neste ano.

Em resposta, D’Ávila disse que um governo de esquerda, “com mais Estado intervindo na economia”, seria um desastre para o País. “Nós precisamos avançar com a agenda liberal, nós precisamos abrir a economia do Brasil”, afirmou. Ele também defendeu a necessidade de reindustrializar o País e avançar na reforma trabalhista.

O candidato Padre Kelmon protagonizou outros momentos de bate-boca com candidatos e chegou a tirar a paciência do mediador William Bonner. No terceiro bloco, durante pergunta sobre aliados envolvidos em esquemas de corrupção para o candidato Lula, acabou sendo chamado de “impostor” e “laranja” pelo petista, que citou ter sido “absolvido” pela Justiça.

“Eu sou cristão, casado na igreja, batizado, crismado e frequentador de igreja. Mas eu não estou vendo na sua cara um representante de igreja, eu estou vendo um impostor. Se prestando ao serviço de enganar o povo”, disse Lula a Kelmon.

As farpas entre os candidatos fizeram o debate ser interrompido por Bonner, pois Kelmon não deixava de rebater as falas de Lula – o que era proibido pelas regras do debate. “O senhor instituiu nova regra no debate”, pontuou o mediador, cogitando inclusive chamar o intervalo.

Ciro Gomes citou o orçamento secreto para ressaltar que o Governo Federal tem casos de corrupção, ao contrário do que ressaltou durante o debate o presidente Jair Bolsonaro. O chefe do Executivo retrucou, mais uma vez, não ter responsabilidade sobre o esquema.

“Não tem como mudar, a não ser que o Parlamento queira. Eu não tenho qualquer responsabilidade sobre esse tal orçamento secreto”, declarou Bolsonaro. Ciro também afirmou, sem dar detalhes, que o Governo Federal está sob “acusações pesadas”. “Sobre o senhor e seus familiares”, destacou. “Onde tem? Não minta”, respondeu Bolsonaro, que desviou do assunto e destacou feitos de seu governo, como a redução do preço dos combustíveis.

Bolsonaro e Padre Kelmon se uniram novamente para atacar, em conjunto, a Lei Rouanet. “Havia peças teatrais de pessoas peladas”, frisou Kelmon, pontuando que isso acontecia “em outros governos”.

“Isso não é cultura. É usar dinheiro público para promover desrespeito ao corpo humano”, acrescentou. “O senhor tem razão”, respondeu Bolsonaro, evidenciando a “dobradinha”. Em defesa de seu governo, o candidato à reeleição afirmou que o ex-secretário de Cultura Mario Frias “moralizou a Lei Rouanet”.

O debate foi dividido em cinco blocos: o primeiro e o terceiro com temas livres; o segundo e o quarto com temas determinados. No quinto bloco, cada candidato fez as considerações finais.

Com informações da Redação